Reentrada de lixo espacial registrado em São Paulo

Na madrugada desta quinta-feira, 10 de julho de 2025, às 02:50 (horário de Brasília), um evento celeste chamou a atenção de observadores no Brasil: a reentrada de um objeto espacial, identificado pelo NORAD ID 60181, na atmosfera terrestre. O fenômeno foi registrado por câmeras all-sky do Observatório do Pico dos Dias (OPD), mantido pelo Laboratório Nacional de Astrofísica (LNA), e também por testemunhas que capturaram imagens impressionantes do avistamento. O espetáculo, descrito como um clarão brilhante cruzando o céu, marcou o fim da trajetória orbital desse objeto, que agora se junta à lista de detritos espaciais que retornam à Terra.

O objeto, ao reentrar na atmosfera, produziu um show de luzes visível em diversas regiões do Brasil. Relatos iniciais indicam que o clarão foi observado em São Paulo, onde o céu estava claro na madrugada. As câmeras all-sky do OPD-LNA, especializadas em capturar fenômenos celestes, registraram o evento, mostrando o objeto se desintegrando em uma trilha luminosa ao cruzar a atmosfera. Imagens enviadas por Bruno de Bonfim Paulista, Ribeirão Preto-SP também circularam nas redes sociais, com vídeos mostrando um ponto brilhante que se intensificava antes de se fragmentar em vários pedaços incandescentes.

A reentrada ocorreu a uma velocidade estimada de dezenas de milhares de quilômetros por hora, típica de objetos em órbita baixa (LEO, na sigla em inglês). O atrito com a atmosfera causou a incandescência do objeto, criando o efeito de “estrela cadente” ampliado, visível a olho nu. Não há relatos de danos ou fragmentos que tenham atingido o solo, sugerindo que o objeto se desintegrou completamente durante a reentrada.

O objeto NORAD ID 60181 é classificado como um detrito espacial, do satélite ILLUMA-T que foi lançado pela Nasa em 1998. O site Satflare (www.satflare.com), que oferece rastreamento 3D de mais de 15.000 objetos orbitais, também acompanhava o 60181. A plataforma indica que o objeto era monitorado para prever passagens e possíveis reentradas, com ferramentas que permitem visualizar sua trajetória em tempo real. A reentrada sobre o Brasil, embora não prevista publicamente com antecedência, é um evento relativamente comum para detritos espaciais, especialmente em órbitas baixas, onde o arrasto atmosférico reduz gradualmente a altitude até a reentrada.

A reentrada de detritos espaciais é um fenômeno cada vez mais frequente devido ao aumento do tráfego orbital. Satélites desativados, estágios de foguetes e outros fragmentos eventualmente retornam à Terra, geralmente queimando na atmosfera sem causar danos.

Imagem do OPD
Imagem OPD – câmera allsky color

O registro do evento pelo OPD-LNA reforça a importância dos observatórios brasileiros na vigilância do céu. As câmeras all-sky, projetadas para capturar meteoros e outros fenômenos transitórios, são ferramentas cruciais para documentar reentradas como esta. As imagens coletadas podem ajudar cientistas a analisar a trajetória e a composição do objeto, contribuindo para o estudo do ambiente orbital e da segurança espacial.

Moradores que testemunharam o evento descreveram o clarão como “surpreendente” e ” inesquecível”. Em redes sociais, astrônomos amadores compartilharam fotos e vídeos, muitos especulando sobre a natureza do objeto. Especialistas do LNA destacaram que eventos como esse são oportunidades para engajar o público na ciência espacial, além de reforçar a necessidade de monitoramento contínuo do espaço.

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