Astronomia em libras

Ensinar astronomia é um grande desafio para todos. Despertar o interesse pela ciência desde cedo nas crianças é uma das forças que move os amantes da astronomia, amadores e profissionais.

Mas a astronomia precisa também ser de inclusão. E esta necessidade de traduzir a astronomia para pessoas surdas, foi o que o motivou o Bruno Xavier a iniciar o trabalho Astronomia em Libras em 2017, produzindo conteúdo de excelente qualidade e gratuitamente para este público.

O projeto Exoss convidou o Bruno para produzir um conteúdo especifico que é a nomenclatura dos meteoros, com base na definição da IAU e ele aceitou este desafio. A própria IAU já lançou um site em língua de sinais para ajudar no ensino da astronomia, mas ainda não está disponível em Libras. 

Mas afinal, quem é o Bruno? Acompanhe a entrevista a seguir, que ele gentilmente nos concedeu.

Conte-nos um pouco quem é o Bruno Xavier?

Atuo como designer e astrônomo amador. Sou graduado pelo Universitário Centro Universitário Belas Artes de São Paulo em Design Gráfico e também cursei pós-graduação em Ensino de Astronomia, na Unicsul. Além de minhas atividades ligadas à Astronomia, trabalho em uma agência de publicidade.

Nasci em São Paulo/SP, moro nessa cidade, sou casado e portador de deficiência auditiva devido à uma rubéola que minha mãe teve quando estava grávida. Uso dois aparelhos auditivos e me comunico em linguagem oral ou através de Libras.

Por que você teve interesse em iniciar este trabalho em libras?

Na verdade, ao final do meu curso de Pós-Graduação fiz um artigo em co-autoria com dois de meus professores, sobre o ensino de Astronomia para os surdos. Nesse artigo, se discute as dificuldades e limitações desse ensino, bem como alternativas para torná-lo mais prático e efetivo.

Ao mesmo tempo, meus pais me recomendavam fazer um vídeo e publicar no Youtube ou Facebook, porque ficavam impressionados com tudo o que eu explicava a eles sobre Astronomia. No começo não liguei muito, enrolei mesmo. Mas um dia acabei postando um vídeo, usando linguagem de Libras.

Foi apenas teste, uma curiosidade, mas funcionou. Após um dia de publicação fiquei surpreso, foi uma bomba, muitos entraram no meu Facebook para ver. É como se aquele dia fosse o dia D, pois a partir de lá criei duas páginas, no Facebook e Youtube, e comecei a desenvolver materiais. Hoje, por exemplo, “Astronomia em Libras” está com cerca de 70 vídeos que produzi e já tem quase 3 mil membros.

Quando você fez o seu primeiro vídeo?

Foi no início de dezembro de 2017.

Onde você estudou astronomia?

  • UNICSUL – Pós-graduação em Ensino de Astronomia (Lato Sensu)
  • Observatório Nacional – EAD (2 cursos: Astrofísica Geral e Cosmologia)
  • Escola Municipal de Astrofísica – EMA (7 cursos)

Qual seu principal objetivo com este trabalho?

Meu objetivo é informar como os corpos celestes evoluem, qual a relação entre eles e o que acontece no universo. Tudo isso em Libras, claro. Na verdade, nunca tinha visto antes alguém comentando e ensinando aspectos da Astronomia, em Libras. Acho que um pouco de conhecimento sobre astronomia é importante, pois ajuda as pessoas e entenderem melhor o mundo da ciência em geral. Então pensei: eu posso fazer isso, talvez seja até o único e pode ser importante para os surdos.

Esse trabalho também mudou a minha vida, meu compromisso com os estudos de Astronomia e posso dizer que é um imenso prazer ensinar aos surdos.

A seguir os vídeos produzidos pelo Bruno a pedido do projeto Exoss, com as nomenclaturas oficiais da IAU para os termos mais usados em nosso projeto: cometas, asteroides, meteoroides, meteoros e meteoritos.



Agradecemos ao Bruno pela produção dos vídeos e pela atenção em sua entrevista conosco. Convidamos a todos para se inscreverem no canal Astronomia em Libras e divulgarem esta bela iniciativa.

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