Reentrada do ASIASAT 8 FALCON R/B sobre o Brasil
Na noite de 14 de maio de 2025, o céu brasileiro foi palco de um evento astronômico impressionante: a reentrada do ASIASAT 8 FALCON R/B, uma parte remanescente de um foguete Falcon 9 lançado pela SpaceX. Identificado pelo código NORAD 40108, esse “rocket body” (corpo de foguete) foi usado em 2014 para colocar o satélite de comunicações ASIASAT 8 em órbita, atendendo à região Ásia-Pacífico. Após mais de uma década em órbita, sua trajetória finalmente o trouxe de volta à Terra, e o Brasil, por sua posição equatorial, acabou sendo um dos cenários desse fenômeno.
Previsões e Dificuldades
Inicialmente, Joseph Remis, um observador conhecido no X, publicou uma previsão indicando que a reentrada ocorreria por volta das 20:37 UTC (± 31 minutos) do dia 14 de maio, com coordenadas estimadas em 1.9N, 115.6E, sobre o Oceano Pacífico. No entanto, ele destacou a dificuldade de prever a trajetória devido à alta excentricidade da órbita do objeto – uma característica que faz com que a altitude varie drasticamente, tornando os cálculos mais suscetíveis a erros, especialmente por falta de dados atualizados de TLE (Two-Line Element, usado para rastreamento orbital). Posteriormente, uma nova atualização confirmou que a reentrada aconteceu mais tarde, às 21:26 UTC (± 1 minuto), com o ponto final em 15.7S, 43.3W – uma localização no Oceano Atlântico, a leste da costa da Bahia.
Um Show no Céu Brasileiro
O trajeto do ASIASAT 8 FALCON R/B durante sua reentrada cruzou o céu de várias cidades do centro oeste brasileiro, incluindo Minas Gerais e Bahia. Testemunhas relataram um brilho intenso no céu, típico de objetos espaciais que se desintegram ao entrar na atmosfera terrestre. Muitos moradores, surpresos com o fenômeno, pegaram seus celulares e registraram o momento, com vídeos e fotos que rapidamente viralizaram nas redes sociais. O clarão, resultado do atrito do objeto com a atmosfera, formou uma bola de fogo que iluminou a noite, seguida por rastros luminosos que se desfizeram em poucos segundos.
Por Que o Brasil?
A reentrada sobre o Brasil não é coincidência. Como o país está próximo à linha do equador, ele frequentemente está na rota de objetos em órbitas geossíncronas ou de alta excentricidade, como apontado em um estudo publicado pela Mashable em 2022. Essas órbitas, que acompanham a rotação da Terra, acabam concentrando detritos espaciais em regiões equatoriais, muitas vezes chamadas de “sul global”. Países como o Brasil, que não têm programas espaciais próprios em grande escala, acabam sendo mais afetados por esses eventos, mesmo que os lançamentos sejam feitos por nações como os Estados Unidos ou a China.
Segurança e Impactos
De acordo com informações da aerospace.org, a maior parte de um rocket body como o ASIASAT 8 FALCON R/B queima durante a reentrada devido ao calor extremo gerado pelo atrito com a atmosfera. Estima-se que entre 60% e 80% da massa de um objeto desse tipo seja consumida, restando apenas fragmentos menores que, na maioria dos casos, caem em áreas desabitadas ou no oceano – como aconteceu nesse evento, que terminou no Atlântico. Apesar disso, há um pequeno risco de que destroços sobrevivam e atinjam áreas povoadas, o que reforça a necessidade de monitoramento e protocolos internacionais para reentradas controladas, algo que tem sido debatido desde incidentes históricos como a queda do Skylab, em 1979.
Ferramentas de Monitoramento
O evento foi acompanhado de perto por plataformas como o SatFlare, um site mencionado por Remis em suas postagens, que oferece rastreamento em tempo real de satélites e detritos espaciais. O SatFlare permite visualizar a trajetória de objetos em mapas 2D e 3D, prever passagens e até identificar “flares” – reflexos brilhantes causados por satélites. Durante a reentrada, ferramentas como essa ajudaram observadores a estimar onde e quando o objeto poderia ser visto, contribuindo para a ampla documentação do evento por parte do público.
Um Lembrete do Espaço
A reentrada do ASIASAT 8 FALCON R/B foi mais do que um espetáculo visual; ela serve como um lembrete da crescente presença de detritos espaciais em órbita e dos desafios associados à sua gestão. Com o aumento de lançamentos – impulsionado por empresas como a SpaceX e países emergentes no setor espacial, como a China – eventos como esse tendem a se tornar mais frequentes. Para o Brasil, que frequentemente está no caminho dessas reentradas, investir em monitoramento e conscientização pode ser essencial para lidar com os impactos, sejam eles visuais, científicos ou de segurança.
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