Chuva de meteoros Phoenicids: radiante de um cometa extinto ressurge após 58 anos

Astrônomos japoneses observaram picos de atividade de meteoros do chuveiro Phoenicids e concluíram que, eles se originaram pela passagem do Cometa Blanpain, agora dado como extinto. Estes pesquisadores também descobriram que, o Cometa Blanpain era ativo, embora apenas fosse notado sutilmente, no início do século XX.

Esta é a primeira vez que os pesquisadores puderam determinar a atividade de um cometa ao observar a chuva de meteoro associada. Esses resultados são importantes para a compreensão da evolução de corpos menores no Sistema Solar.

meteoro brilhante do chuveiro Phoenicids
Um meteoro brilhante do chuveiro Phoenicids aparece na parte inferior esquerda da foto, tirada às 02h15m39s UT em 2 de dezembro de 2014. A Lua se encontra no canto inferior direito do centro na foto. Câmera: Pentax K-3 + SIGMA 4.5mm F2.8, 3 segundos  de exposição, em Sandy Point, Carolina do Norte, U.S.A . (Foto: Hiroyuki Toda) (Crédito: NAOJ).

RADIANTE DE COMETA EXTINTO RESSURGE APÓS 58 ANOS

A chuva de meteoros Phoenicids (nomeada pela constelação de Phoenix) foi descoberta pela primeira expedição japonesa de pesquisa  na Antártica, em 5 de dezembro de 1956, durante uma viagem no oceano Índico. No entanto, não foi observada novamente. Isso deixou os astrônomos com um mistério: de onde os meteoros Phoenicids vieram e para onde eles foram?

Duas equipes japonesas encontraram uma resposta a essas questões, ligando a chuva de meteoro Phoenicids a um corpo celestial desaparecido: o Cometa Blanpain. Este cometa apareceu, pela primeira vez em 1819 e depois não houve mais registros de seu paradeiro.   

Em 2003, os astrônomos descobriram um corpo menor movendo-se ao longo da mesma órbita que o Cometa Blanpain, e existia há mais de 100 anos e concluíram que eram os restos do Cometa Blanpain. O coma e a cauda de um cometa, são feitos de gás e poeira que escaparam da superfície do núcleo. A razão pela qual o cometa Blanpain reapareceu como um asteroide foi, provavelmente, porque todos os gases e poeiras escaparam deste corpo central. Agora, em vez de chamar o objeto de um “cometa”, talvez seja mais preciso se referir a ele como um “asteroide”.

O EXTINTO COMETA BLANPAIN

Embora todo o gás e detritos, tenham escapado do Cometa Blanpain para o espaço, eles agora formam um rastro de poeira, que giram praticamente, na mesma órbita que o próprio Cometa Blanpain, e se espalhou gradualmente pela órbita deste. Quando este rastro de poeira encontra a Terra, as partículas de poeira entram na atmosfera e sofrem a ablação, o que é observado como meteoro.

Supondo que, o Cometa Blanpain é o corpo parental dos meteoros do chuveiro Phoenicids, as equipes realizaram cálculos e estes, previam que a chuva de meteoros Phoenicids poderiam ser novamente observada em 1º de dezembro de 2014. Após essa previsão, as duas equipes de astrônomos japoneses realizaram uma campanha de observação. Uma equipe coordenada por Yasunori Fujiwara,  estudante de pós-graduação do Departamento de Ciências Polares, SOKENDAI (Universidade de Pós-Graduação em Estudos Avançados) e Takuji Nakamura, professora do Instituto Nacional de Pesquisa Polar / SOKENDAI, viajaram para a Carolina do Norte, EUA, e fizeram lá suas observações.

A outra equipe liderada por Mikiya Sato, Astrônomo do Museu Municipal de Ciências de Kawasaki, e Junichi Watanabe, professor do Observatório Astronômico Nacional do Japão/SOKENDAI, visitaram a Ilha de La Palma, no território espanhol da costa oeste da África, para suas observações. A condição climática no antigo local era relativamente boa, mas uma maior quantidade de  nuvens cobertas, foi notada no último local. Portanto, os dados complementares da equipe de Sato usaram dados de outras fontes, como a Rede All Sky Fireball da NASA e observações de radar, da Universidade de Western Ontario, no Canadá.

O RESULTADO DAS OBSERVAÇÕES DA CHUVA PHOENICIDS

A atividade em si dos meteoros, não significa que eles façam parte da chuva de meteoro fenicídeos. A Terra é atingida por constantes de meteoros esporádicos todas as noites.  Para distinguir fenicídeos de meteoros esporádicos, ambas as equipes analisaram os dados, mapeando de forma retrógrada, cada rastro de meteoro para distinguir a chuva de meteoro. Se muitos meteoros viessem do mesmo ponto do céu, logo, pertenceriam a mesma chuva de meteoro.

Dos 138 meteoros observados na Carolina do Norte, 29 foram identificados como de origens da chuva Phoenicids. A atividade  da Phoenicids atingiu o pico entre 20:00 às 21:00 horas local, muito perto do pico previsto da chuva de meteoro Phoenicids, que era das 19h às 20h. Este fato apontou ainda mais evidências que, os meteoritos observados no mapeamento retrógrado dos rastros são certamente causados ​​pela chuva de meteoros Phoenicids. Os dados coletados por outras fontes citadas,  também apoiaram esse resultado.

Mas nem tudo corresponde às previsões. Uma discrepância entre a previsão e as observações foi que o número de fenicídeos observados foi de apenas 10% do previsto. Isto indica que o Cometa Blanpain estava ativo, mas apenas em uma extensão limitada, ou seja,  os meteoros observados foram liberados do cometa quando se aproximou do Sol no início do século XX.

Em suma, a chuva de meteoros observada, é o primeiro exemplo astronômico onde a evolução de um cometa foi estimada. Fujiwara afirma entusiasmado: “gostaríamos de usar esta técnica em muitas outras chuvas de meteoros, para as quais os corpos parentais não possuem atividades cometárias claras, a fim de investigar a evolução dos corpos menores no Sistema Solar”.

A pesquisa de Fujiwara está sendo publicada na Sociedade Astronômica do Japão e a pesquisa de Sato estará na revista Planetary and Space Science em breve.

Video feito a partir de uma câmera All Sky, com exposição contínua em 1 de dezembro de 2014.  Os meteoros que aparecem às 0:20, 0:46, 0:57, 1:18, 1:38, 1:42 pertencem a chuva de meteoros Phoenicids. O ponto central brilhante é a Lua, e os longos rastros de luz que se movem para cima ou para baixo, são aviões. Câmera: Pentax K-3 + SIGMA 4.5mm F2.8, cada exposição 3 segundos, em Sandy Point, Carolina do Norte, U.S.A. (Fotos: Hiroyuki Toda) (Crédito: NAOJ)

Fonte: soken.ac.jp

Tradução: Tiago Torres

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