Perspectiva do local da câmera em comparação a trajetória modelada

Análise do bólido no noroeste do Paraná – imagens exclusivas

NOVAS IMAGENS DO METEORO DO PARANÁ E ANÁLISE DOS DADOS

Trajetória modelada com base em relatos e imagens obtidas pela Exoss

EVENTO

No dia 13 de setembro de 2019 às 05:30 horário de Brasília (08:30 UTC) um meteoro entrou na atmosfera terrestre sobre o estado do Paraná/Brasil. A classificação desse meteoro é conhecida como bólido por se tratar de um fenômeno que embora comum ao redor do mundo inteiro é difícil de ser registrado. No evento em questão a Exoss fez uso da ferramenta relatos de meteoros (Report Fireball) – exoss.imo.net e com auxílio de novas imagens encaminhadas ao nosso projeto foi possível obter uma série de informações que sugerem um modelo de trajetória.

INÍCIO DOS TRABALHOS

O processo inicial de coleta de dados se deu justamente pela ferramenta de coleta de relatos testemunhais, mas embora diversas emissoras de rádio e tv divulgassem o fenômeno, o desconhecimento da população sobre a possibilidade de colaboração com a pesquisa desse evento através de seus relatos, além alguns grupos de astronomia que divulgaram informações desencontradas gerando na mídia uma certa confusão referente as imagens geradas pela Exoss atribuídas a uma fonte que não tem relação alguma com o estudo em questão. Isso se alastrou em diversos veículos de notícias e atrapalhou os trabalhos iniciais.

Porém a Exoss obteve vídeos exclusivos do fenômeno em questão e com base nestas imagens foi possível refinar a trajetória do meteoro outrora gerada pela ferramenta de relatos (Report Fireball).

RELATOS

O evento em questão (4427-2019) contou até o momento dessa edição com 12 relatos de testemunhas e um arquivo de vídeo realizado através de uma câmera de segurança.

Evento brasileiro listada na página relato de meteoros

Um dos relatos que fora encaminhado para Exoss tem o vídeo registrado por Alessandro R. e até o presente momento esse é o único vídeo com a maior parte da trajetória do bólido.

Relato encaminhado por testemunha para exoss.imo.net

RASTRO/CAUDA

Através do vídeo encaminhado é possível observar que o bólido gerou um rastro proeminente, fato esse relatado por diversas testemunhas nas mídias sociais. O vídeo em questão foi tomado a partir de uma perspectiva distante cerca de 200km do meteoro (bólido). Em diversos quadros do vídeo (frames) é possível observar sua cauda, para um evento localizado a 200km de distância isso confirma os relatos de testemunhas.

Composição de imagens referentes a instantes distintos da trajetória do bólido (quadros do vídeo)

BRILHO/COR

Outra característica relatada por testemunhas e que é possível verificar nos vídeos recebidos é o intenso pico de luminosidade gerado pelo bólido.

Relatos de 8 testemunhas foram de uma magnitude acima de -10 e três testemunhas relataram brilho superior a -20. Na escala de magnitude estelar quanto menor o valor mais brilhante e o objeto

As cores relatadas por testemunhas são Branco, Azul, Amarelo e Laranja

Proporção de magnitude relatada pelas testemunhas, cidade de Japurá em destaque, tabela de cores reflete o brilho apenas.

Observando os vídeos encaminhados para a Exoss é possível observar uma magnitude acima da lunar e possivelmente próximo a -20.

Ápice de luminosidade do bólido, vídeo 01 encaminhado para Exoss
Ápice de luminosidade do bólido, vídeo 02 encaminhado para Exoss
Ápice de luminosidade do bólido, vídeo 03 encaminhado para Exoss
Ápice de luminosidade do bólido, vídeo 04 obtido em mídias sociais
Ápice de luminosidade do bólido, vídeo 05 – reprodução Youtube: Beto Orcy – Ciência e Clima

FRAGMENTAÇÃO

A trajetória final do bólido em uma das câmeras demonstra a fragmentação de pelo menos duas partes do meteoroide, testemunhas relataram essa fragmentação em seu estágio final, durante sua trajetória não há registro em vídeo e testemunhal de fragmentação, além do rastro comum para esse tipo de evento.

Vídeo recebido pela Exoss com trajetória final
Quadro extraído do vídeo evidenciando fragmentação em seus instantes finais 

MODELO DE TRAJETÓRIA BASEADA EM VÍDEO

Foi possível realizar um modelo de trajetória que atende os parâmetros dos relatos das testemunhas via report fireball assim como dos vídeos.

É importante salientar que a baixa participação de testemunhas na ferramenta, relatos superiores a 48 horas e conhecimento específico em astronomia são fatores que influenciam os dados finais.

Trajetória modelada com base em relatos mais vídeos
Trajetória a partir do ponto de registro em câmera de segurança e relato
Perspectiva do local da câmera em comparação a trajetória modelada
Trajetória a partir do ponto de registro em câmera de segurança (reflexo)
Câmera de segurança com reflexo do meteoro no piso
Orientação do reflexo
Perspectiva da trajetória
Trajetória a partir do ponto de registro em câmera de segurança
Câmera de segurança
Perspectiva do local da câmera em comparação a trajetória modelada
Perspectiva da trajetória sobre a cidade de Japurá
Perspectiva da trajetória sobre a cidade de Japurá do ponto de vista de um observador em solo (zênite)

 

Ângulo de entrada do meteoro em perspectiva para com as cidades e câmeras

O satélite geoestacionário mapeador de raios GOES-16 detectou um spot na região no mesmo horário. Dados estatísticos comprovam que é uma detecção positiva de entrada de meteoroide em nossa atmosfera. 

Satélite GOES-16 e detecção/spot no centro da imagem

Uma análise superficial da posição do spot detectado pelo satélite com as luzes emitidas pelas cidades nos permite traçar um esboço simples sobre algumas cidades para efeitos meramente comparativos do modelo de trajetória estimada e dados de satélite.

A solução encontrada é satisfatória levando em consideração que as análises não foram realizadas utilizando imagens produzidas por estações de monitoramento de meteoros que necessitam de uma correta calibração do campo da câmera com o plano celeste e estrelas previamente marcadas. Somente dados de sistemas implantados para este único propósito podem oferecer uma informação mais precisa. 

 DADOS TÉCNICOS ESTIMADOS

 Altitude inicial: Não foi possível registrar o meteoro em sua trajetória inicial, portanto assumimos a altitude inicial padrão da ferramenta: 80km de altitude.

Altitude final: Dados testemunhais e de câmeras sugerem uma altitude final estimada de 16km.

Distância percorrida: Registro em vídeo parcial e trajetória simulada sugerem uma distância mínima de 60km percorrido, mas sem possibilidade de cálculo devido à ausência de registro inicial do fenômeno; sendo certamente superior.

Velocidade: cálculo prejudicado por não haver registro inicial e por um único registro final entre nuvens.

Duração: O vídeo com maior duração do fenômeno possuí cerca de 6 segundos, porém a falta do registro inicial prejudica esse cálculo.

Ângulo de entrada: Estimamos cerca de 45 graus de ângulo de entrada.

Magnitude estimada: Estimamos uma magnitude aproximada de -18 baseado em vídeos sem parâmetros celestes.

Fragmentos em solo: As informações como ângulo de entrada, magnitude, estrondo sônico, e estimativas de altitude final baixa indicam que pode haver possibilidade de material remanescente (meteorito) poucas gramas. Mas cabe uma ressalva, pois indícios baseados em testemunhas e vídeos inapropriados para os estudos de meteoros jamais serão usados pela Exoss para tal afirmação.

Os resultados aqui expressos apresentam estimativas calculadas com o material disponível pelo projeto.

Se você gostou do trabalho realizado compartilhe com seus amigos o link exoss.imo.net e peça para eles relatarem nela todo meteoro que presenciarem; dessa forma poderemos produzir resultados similares em futuros eventos com um tempo drasticamente reduzido.

Um agradecimento especial para Assis Vanderley, Rodrigo Betim, Alessandro R., JN JAPURA, Renato de Cianorte, José Alberto e Claudemir de Umuarama por dedicarem tempo pessoal em colaborar coletando informações e cedendo dados essenciais que permitiram esse estudo.

Para a conclusão desse relatório foram utilizados horas de trabalho e recursos de voluntários do projeto.

Edição: Eduardo P. Santiago

Coleta de dados: Luciana Fontes, Amanda Martins, Marcelo de Cicco e Eduardo Santiago

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