Reentradas inéditas dos Satélites Starlink e seu impacto na atmosfera
O que sobe, deve descer. Essa velha máxima se aplica perfeitamente ao crescente número de satélites sendo lançados em órbita baixa da Terra. Desde 2018, a SpaceX colocou mais de 7.000 satélites Starlink em órbita, e agora, eles estão começando a retornar à Terra. Somente em janeiro deste ano, mais de 120 satélites reentraram na atmosfera, criando chuvas de bolas de fogo.
Jonathan McDowell, astrônomo do Harvard Center for Astrophysics, destacou que a taxa sustentada de reentradas diárias é sem precedentes. “Eles estão aposentando e incinerando cerca de quatro ou cinco satélites Starlink todos os dias”, afirma. Esse processo já era esperado, pois a primeira geração dos Starlinks (Gen1) está sendo desativada para dar espaço a modelos mais avançados. Segundo McDowell, mais de 500 dos 4.700 satélites Gen1 já reentraram na atmosfera.
Quando os satélites Starlink reentram, eles se desintegram completamente antes de atingir o solo. No entanto, essa queima libera vapores metálicos na atmosfera. Em fevereiro de 2023, um estudo da NASA encontrou evidências desses resíduos. Um avião WB-57 voou a 60.000 pés sobre o Alasca para coletar amostras de aerossol, revelando que cerca de 10% das partículas continham alumínio e outros metais resultantes da reentrada de satélites.
Embora os impactos diretos à saúde ou ao meio ambiente no nível do solo sejam improváveis, essas descobertas têm implicações significativas para a estratosfera. Com a previsão de lançamento de mais de 50.000 satélites em órbita baixa até 2030, a quantidade de metais liberados pode alterar a composição da camada de aerossol estratosférico.
Pesquisas indicam que os metais vaporizados durante a reentrada dos satélites se condensam em partículas de aerossol estratosférico, podendo impactar processos atmosféricos ainda pouco compreendidos. Até agora, os modelos de reentrada estavam focados nos riscos de destroços que atingem o solo, mas pouco se sabia sobre o destino dos metais vaporizados. Estudos recentes detectaram mais de 20 elementos metálicos nessas partículas, em proporções compatíveis com as ligas usadas na construção de espaçonaves.
Com o aumento projetado do número de satélites em órbita, até metade das partículas de ácido sulfúrico estratosférico pode conter metais oriundos da reentrada. O impacto desse nível de contaminação metálica na atmosfera ainda é desconhecido, exigindo mais estudos para compreender as consequências a longo prazo para o clima e a qualidade do ar em altitudes elevadas.
A expansão das megaconstelações de satélites traz inovações e desafios. A humanidade está apenas começando a entender os impactos dessa nova era espacial sobre o nosso planeta.
Com informações da Spaceweather
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