Observação NEOS Near Earth Objetcs Boletim Março 2017
Uma extensa população de pequenos corpos, incluindo cometas, pequenos asteroides e meteoroides compõem a população de NEOS (Near Earth Objects). Os NEAs (Near Earth Asteroids) constituem-se de uma grande parcela desses objetos de dimensões acima de dezenas de metros, orbitando próximos a Terra. Alguns estudos apontam também, que uma pequena parte dos NEAs são cometas adormecidos ou extintos (NECs – Near Earth Comets).
A média de existência de um NEO é da ordem de 107 anos, sendo portanto creditada a existência de fontes de abastecimento de tais objetos ao longo das eras, já que o tempo de existência de nosso Sistema Solar gira em torno de 4,6 bilhões de anos, isto levaria ao completo esgotamento de tais corpos nas proximidades da Terra.
No que diz respeito a meteoritos que caem na Terra, sua fonte principal são os NEAs, pela sua proximidade ao nosso planeta, embora o grande fluxo de massa de meteoroides origina-se de passagens de cometas, e em menor grau de impactos lunares e marcianos. Grande parte desta massa que penetra na esfera terrestre queima logo na alta atmosfera (entre 100 a 60 km de altura, em média), sendo, comparativamente, raras as amostras destes detritos que sobrevivem as altas temperaturas de ablação , e chegam em solo terrestre na forma de meteoritos – embora grande parte acabe por se depositar no mar.
Fundamentalmente, para compreendermos a ligação entre NEAs e meteoritos é fundamental entender o papel dos asteroides (estudar suas características mineralógicas, dentre outras propriedades), pois eles são peça importante para se entender as origens, estrutura e a história dinâmica do Sistema Solar. Estabelecendo as conexões entre meteoritos e os asteroides, estes na qualidade de corpos parentais, permite a elucidação de muitas questões pertinentes a compreensão de nosso Sistema Solar, bem com a formação da Terra.
Além da importante investigação da conexão entre meteoritos – NEAS (ou , genericamente NEOS) – Asteroides, temos também a questão de impactos severos na Terra, causados por grandes massas vindas do espaço. Este é outro ponto importante que deve ser estudado e monitorado para prevenção e mitigação de ameaças catastróficas, como a que ocorreu em Chelyabinski (https://pt.wikipedia.org/wiki/Meteoro_de_Cheliabinsk), em 2013, e Tunguska, em 1908 (https://pt.wikipedia.org/wiki/Evento_de_Tunguska).
Nesse sentido a ESA – Agencia Espacial Européia – participa de um projeto mundial de monitoramento e mitigação de NEOs, através de diversas redes de monitoramento envolvendo astrônomos profissionais, e, em pequena escala, astrônomos amadores.
O Brasil participa do esforço de monitoramento e estudos mineralógicos dos NEAS e Asteroides através do projeto IMPACTON: http://www.on.br/impacton/, utilizando o observatório robótico – OASI que é o segundo maior observatório astronômico, em solo nacional.
Atualmente são descobertos cerca de 100 NEOS por mês. Nas tabelas a seguir, publicamos as estatísticas mais atuais acerca do monitoramento e descoberta de tais objetos, compilados pela ESA.
FATOS:
Cerca de 40 asteroides conhecidos ou não aproxima-se de cerca de 0.05 unidades astronômicas , cerca de 19 raios lunares de nosso mundo. As vezes, como em dezembro passado, grupos e 4 ou 5 NEOS fazem máxima aproximação no mesmo dia. Atividade fora do comum?
Aplicando considerações estatísticas, baseadas nas taxas atuais de novos NEOS, e assumindo uma distribuição de probabilidade uniforme de descobertas diárias, não se trata de nada incomum. Grupos de pelo menos 4 objetos aproximam-se da Terra a cada três meses, e grupos de pelos menos 5 acercam-se de nós aproximadamente três vezes ao ano.
Observações de grupos de NEOs acabam tornando-se cada vez mais comum, principalmente pela sofisticação de equipamentos, técnicas e cada vez mais observadores monitorando os nossos céus. A exceção em períodos de Lua cheia, quando seu brilho atrapalha observações em solo terrestre, minimizando contagens de NEOs, porém em períodos de Lua nova as taxas de observação são mais elevadas, pois é o período mais favorável para monitoramento do céu, sem que o luar atrapalhe as investigações.
TOTAL DE NEOS DESCOBERTOS ATÉ APRESENTE DATA DESTA PUBLICAÇÃO (março de 2017) :
15.711 asteroides
106 cometas
DESCOBERTAS DE NEOS NO MÊS DE FEVEREIRO : 89
DESCOBERTA DE NEOS DESDE 01 JANEIRO DE 2017 : 285
OBJETOS COM APROXIMAÇÃO ALTA À TERRA EM MARÇO 2017:
Um objeto de aproximadamente meio quilômetro irá fazer uma aproximação no fim deste mês:
Neo (215588) 2003 HF2 atingirá a magnitude visual 15 , portanto observável por telescópios amadores avançados.
RECENTES APROXIMAÇÕES:
Quatro objetos tiveram aproximações relevantes:
(5604) 1992 FE, de cerca de um quilômetro, de órbita bem determinada, chegou a cerca de 13 distancia lunares., no meio de fevereiro , atingindo a magnitude 12.
Tres objetos, 2017 BS32, 2017 DG16 e 2017 DR34, aproximaram-se menos que uma distancia lunar. Esses todos com cerca de 10 metro de diâmetro.
Dois novos objetos tiveram a atenção particular:
- 2017 BL30 , de 100 metros de tamanho, teve a probabilidade de impacto crescente durante a primeira semana de fevereiro até o valor de 1/1000. Após observações realizadas pro telescópios da ESA OGS telescopes, o risco foi minimizado significativamente para menos do que 1 em um milhão.
- 2017 CH1, de cerca de um quilômetro de extensão. subiu na escala de Torino, apesar do baixo risco de impacto, após observações subsequentes a probabilidade de impacto caiu a quase zero.
LISTA DE APROXIMAÇÕES À TERRA EM MARÇO – ABRIL/2017:
Nome do Objeto | Close Approach Data | Dist min. [AU] | Dist min. [LD] | Diametro estimado [m] | Magnitude Máxima [mag] | Velocidade relativa [km/s] |
|
Nota: 1 Au = uma unidade astronômica que equivale à aproximadamente 150 milhões de quilometros
1 LD = uma distância lunar que equivale à aproximadamente 384.000 quilômetros
LISTA DE RISCO DE IMPACTO , COM PROBABILIDADE NÃO ZERO:
Atualmente, são 598 objetos que fazem parte da lista de risco de impacto, apresentamos logo abaixo os 10 NEOS com maior probabilidade ( e mesmo assim de risco mínimo) de choque, com estimativas da data do impacto. Dois objetos atingiram o nivel 1 da escala de Torino, 2017 CH1 e 2017 BL30.
Nome do Objeto | Tamanho [m] | Dia/hora | IP | Vel. [km/s] |
29075 1950DA | 2000.0 | 2880-03-16 23:48 | 1/7042 | 17.99 |
2017BL30 | 89.0* | 2029-08-03 13:21 | 1/980 | 13.28 |
410777 2009FD | 150.0 | 2185-03-29 18:06 | 1/694 | 19.41 |
101955 Bennu | 484.0 | 2196-09-24 07:55 | 1/10638 | 12.68 |
2017CH1 | 1200 | 2095-06-04 15:09 | 1/1.57E6 | 21.18 |
2010RF12 | 9.0* | 2095-09-05 23:50 | 1/16 | 12.29 |
1979XB | 860.0* | 2113-12-14 18:07 | 1/1.84E6 | 26.04 |
2000SG344 | 46.0* | 2072-09-13 16:41 | 1/2096 | 11.26 |
99942 Apophis | 375.0 | 2068-04-12 15:13 | 1/531914 | 12.62 |
2016NL56 | 560* | 2020-06-22 15:42 | 1/(1.01 10^9) | 38.43 |
Nota: IP representa probabilidade de impacto – Impact Probability
*Incerteza grandes quanto ao tamanho
Fonte: ESA/NEOS
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