Observação NEOS Near Earth Objetcs Boletim Abril 2017
Uma extensa população de pequenos corpos, incluindo cometas, pequenos asteroides e meteoroides compõem a população de NEOS (Near Earth Objects). Os NEAs (Near Earth Asteroids) constituem-se de uma grande parcela desses objetos de dimensões acima de dezenas de metros, orbitando próximos a Terra. Alguns estudos apontam também, que uma pequena parte dos NEAs são cometas adormecidos ou extintos (NECs – Near Earth Comets).
A média de existência de um NEO é da ordem de 107 anos, sendo portanto creditada a existência de fontes de abastecimento de tais objetos ao longo das eras, já que o tempo de existência de nosso Sistema Solar gira em torno de 4,6 bilhões de anos, isto levaria ao completo esgotamento de tais corpos nas proximidades da Terra.
No que diz respeito a meteoritos que caem na Terra, sua fonte principal são os NEAs, pela sua proximidade ao nosso planeta, embora o grande fluxo de massa de meteoroides origina-se de passagens de cometas, e em menor grau de impactos lunares e marcianos. Grande parte desta massa que penetra na esfera terrestre queima logo na alta atmosfera (entre 100 a 60 km de altura, em média), sendo, comparativamente, raras as amostras destes detritos que sobrevivem as altas temperaturas de ablação , e chegam em solo terrestre na forma de meteoritos – embora grande parte acabe por se depositar no mar.
Fundamentalmente, para compreendermos a ligação entre NEAs e meteoritos é fundamental entender o papel dos asteroides (estudar suas características mineralógicas, dentre outras propriedades), pois eles são peça importante para se entender as origens, estrutura e a história dinâmica do Sistema Solar. Estabelecendo as conexões entre meteoritos e os asteroides, estes na qualidade de corpos parentais, permite a elucidação de muitas questões pertinentes a compreensão de nosso Sistema Solar, bem com a formação da Terra.
Além da importante investigação da conexão entre meteoritos – NEAS (ou , genericamente NEOS) – Asteroides, temos também a questão de impactos severos na Terra, causados por grandes massas vindas do espaço. Este é outro ponto importante que deve ser estudado e monitorado para prevenção e mitigação de ameaças catastróficas, como a que ocorreu em Chelyabinski (https://pt.wikipedia.org/wiki/Meteoro_de_Cheliabinsk), em 2013, e Tunguska, em 1908 (https://pt.wikipedia.org/wiki/Evento_de_Tunguska).
Nesse sentido a ESA – Agencia Espacial Européia – participa de um projeto mundial de monitoramento e mitigação de NEOs, através de diversas redes de monitoramento envolvendo astrônomos profissionais, e, em pequena escala, astrônomos amadores.
O Brasil participa do esforço de monitoramento e estudos mineralógicos dos NEAS e Asteroides através do projeto IMPACTON: http://www.on.br/impacton/, utilizando o observatório robótico – OASI que é o segundo maior observatório astronômico, em solo nacional.
Atualmente são descobertos cerca de 100 NEOS por mês. Nas tabelas a seguir, publicamos as estatísticas mais atuais acerca do monitoramento e descoberta de tais objetos, compilados pela ESA.
FATOS:
Cerca de 40 asteroides conhecidos ou não aproxima-se de cerca de 0.05 unidades astronômicas , cerca de 19 raios lunares de nosso mundo. As vezes, como em dezembro passado, grupos e 4 ou 5 NEOS fazem máxima aproximação no mesmo dia. Atividade fora do comum?
Aplicando considerações estatísticas, baseadas nas taxas atuais de novos NEOS, e assumindo uma distribuição de probabilidade uniforme de descobertas diárias, não se trata de nada incomum. Grupos de pelo menos 4 objetos aproximam-se da Terra a cada três meses, e grupos de pelos menos 5 acercam-se de nós aproximadamente três vezes ao ano.
Observações de grupos de NEOs acabam tornando-se cada vez mais comum, principalmente pela sofisticação de equipamentos, técnicas e cada vez mais observadores monitorando os nossos céus. A exceção em períodos de Lua cheia, quando seu brilho atrapalha observações em solo terrestre, minimizando contagens de NEOs, porém em períodos de Lua nova as taxas de observação são mais elevadas, pois é o período mais favorável para monitoramento do céu, sem que o luar atrapalhe as investigações.
TOTAL DE NEOS DESCOBERTOS ATÉ A PRESENTE PUBLICAÇÃO
15.934 asteroides
106 cometas
DESCOBERTAS DE NEOS NO MÊS DE abril: 206
DESCOBERTA DE NEOS DESDE 01 janeiro DE 2017: 525
OBJETOS COM GRANDE APROXIMAÇÂO DA TERRA EM ABRIL2017: 5
O 2017 HG4, com 0,61 distancia lunar, com aproximação máxima em 22 de abril, atingindo a magnitude 27.9.
Outros quatro objetos- o 2017 HV2, 2017 HJ e 2017 GM, 2017HT2, aproximaram-se menos que uma distância lunar.
Três novos objetos tiveram a atenção particular:
O 2017 HG4, Com sua primeira observação, quatro dias antes do rasante, feita pelo observatório Panoramic Survey Telescope and Rapid Response System “Telescópio de Pesquisa Panorâmica e Sistema Rápido de Resposta”, mais conhecido pela abreviatura Pan-STARRS, um projeto que tem por objetivo mapear constantemente o céu em busca de objetos que possam apresentar risco de colidir com a Terra.
O Telescópio PS1, que opera para o projeto, está localizado no monte Haleakala no Havaí.
O asteroide designado como 2017 HG4, fez sua maior aproximação pela Terra; a uma distância da Terra/Lua de 0,61, aproximadamente (~ 234 240 km / 145 550 milhas), em 22 de abril de 2017. Isto torna o 2017HG4, o 18º asteroide conhecido a voar pela Terra dentro de uma distância lunar desde 9 de janeiro de 2017.
- O 2017GM7, de aproximadamente de 800 quilômetros de extensão; subiu na escala de Torino. Após observações subsequentes, com novos cálculos do Pan-STARRS; a probabilidade de impacto caiu para quase zero e foi retirado da lista de risco.
- O 2017HT2, Um Gigante NEO, com cerca de 1 quilômetro de diâmetro, foi detectado em 20 de abril, pelo Catalina Sky Survey. Até a presente data, esta no topo da lista de risco para o próximo século, atingindo –2-2 na Escala de Palermo. O maior valor entre todos os objetos com os diâmetros próximos a estes. Desde então, sua chance probabilística de impacto é de 1/100.000.
LISTA DE APROXIMAÇÕES NAS CCERCANIAS DA TERRA – ABRIL/2017
Nome do Objeto | Close Approach Data | Dist min. [AU] | Dist min. [LD] | Diâmetro estimado [m] | Magnitude Máxima [mag.] | Velocidade relativa [km/s] |
|
Nota: 1 Au = uma unidade astronômica que equivale a aproximadamente, 150 milhões de quilômetros.
1 LD = uma distância lunar, que equivale à aproximadamente 384.000 quilômetros
LISTA DE RISCO DE IMPACTO, COM PROBABILIDADE NÃO ZERO
Atualmente, são 612 objetos que fazem parte da lista de risco de impacto. Apresentamos logo abaixo, os 10 NEOS com maior probabilidade (e mesmo assim de risco mínimo) de choque, e com as estimativas da data do impacto. Dois objetos atingiram o nível 1 da escala de Torino- o 2017 CH1 e o 2017 BL30.
Nome do Objeto | Tamanho [m] | Dia/hora | IP | Vel. [km/s] |
29075 1950DA | 2000.0 | 2880-03-16 23:48 | 1/7042 | 17.99 |
2017BL30 | 89.0* | 2029-08-03 13:21 | 1/980 | 13.28 |
410777 2009FD | 150.0 | 2185-03-29 18:06 | 1/694 | 19.41 |
101955 Bennu | 484.0 | 2196-09-24 07:55 | 1/10638 | 12.68 |
2017CH1 | 1200 | 2095-06-04 15:09 | 1/1.57E6 | 21.18 |
2010RF12 | 9.0* | 2095-09-05 23:50 | 1/16 | 12.29 |
1979XB | 860.0* | 2113-12-14 18:07 | 1/1.84E6 | 26.04 |
2000SG344 | 46.0* | 2072-09-13 16:41 | 1/2096 | 11.26 |
99942 Apophis | 375.0 | 2068-04-12 15:13 | 1/531914 | 12.62 |
2016NL56 | 560* | 2020-06-22 15:42 | 1/(1.01 10^9) | 38.43 |
Nota: IP representa; a probabilidade de impacto – Impact Probability
*Incerteza grandes quanto ao tamanho
Fonte: ESA/NEOS
Edição: Tiago Torres
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