Observação de NEOS – Near Earth Objects – Boletim Dezembro 2016
Uma extensa população de pequenos corpos, incluindo cometas, pequenos asteroides e meteoroides compõem a população de NEOS (Near Earth Objects). Os NEAs (Near Earth Asteroids) constituem-se de uma grande parcela desses objetos de dimensões acima de dezenas de metros, orbitando próximos a Terra. Alguns estudos apontam também, que uma pequena parte dos NEAs são cometas adormecidos ou extintos (NECs – Near Earth Comets).
A média de existência de um NEO é da ordem de 107 anos, sendo portanto creditada a existência de fontes de abastecimento de tais objetos ao longo das eras, já que o tempo de existência de nosso Sistema Solar gira em torno de 4,6 bilhões de anos, isto levaria ao completo esgotamento de tais corpos nas proximidades da Terra.
No que diz respeito a meteoritos que caem na Terra, sua fonte principal são os NEAs, pela sua proximidade ao nosso planeta, embora o grande fluxo de massa de meteoroides origina-se de passagens de cometas, e em menor grau de impactos lunares e marcianos. Grande parte desta massa que penetra na esfera terrestre queima logo na alta atmosfera (entre 100 a 60 km de altura, em média), sendo, comparativamente, raras as amostras destes detritos que sobrevivem as altas temperaturas de ablação , e chegam em solo terrestre na forma de meteoritos – embora grande parte acabe por se depositar no mar.
Fundamentalmente, para compreendermos a ligação entre NEAs e meteoritos é fundamental entender o papel dos asteroides (estudar suas características mineralógicas, dentre outras propriedades), pois eles são peça importante para se entender as origens, estrutura e a história dinâmica do Sistema Solar. Estabelecendo as conexões entre meteoritos e os asteroides, estes na qualidade de corpos parentais, permite a elucidação de muitas questões pertinentes a compreensão de nosso Sistema Solar, bem com a formação da Terra.
Além da importante investigação da conexão entre meteoritos – NEAS (ou , genéricamente NEOS) – Asteroides, temos também a questão de impactos severos na Terra, causados por grandes massas vindas do espaço. Este é outro ponto importante que deve ser estudado e monitorado para prevenção e mitigação de ameaças catastróficas, como a que ocorreu em Chelyabinski em 2013, e Tunguska, em 1908.
Nesse sentido a ESA – Agencia Espacial Européia – participa de um projeto mundial de monitoramento e mitigação de NEOs, através de diversas redes de monitoramento envolvendo astronomos profissionais, e, em pequena escala, astronomos amadores.
O Brasil participa do esforço de monitoramento e estudos mineralógicos dos NEAS e Asteróides através do projeto IMPACTON: uitlizando o observatório robótico – OASI que é o segundo maior observatório astronômico, em solo nacional.
Atualmente são descobertos cerca de 100 NEOS por mês. Nas tabelas a seguir, publicamos as estatísticas mais atuais acerca do monitoramento e descoberta de tais objetos, compilados pela ESA.
TOTAL DE NEOS DESCOBERTOS ATÉ A PRESENTE DATA DESTA PUBLICAÇÃO (dezembro de 2016) :
- 15.271 asteroides
- 106 cometas
DESCOBERTAS DE NEOS NO MÊS DE NOVEMBRO :
- 161
DESCOBERTA DE NEOS DESDE 1 DE JANEIRO DE 2016 :
- 1750
OBJETOS COM APROXIMAÇÃO ALTA À TERRA EM DEZEMBRO 2016:
Um objeto fará rasante neste mês de dezembro, já confirmados:
- 2016 WQ3, irá fazer um rasante a aproximadamente 1.5 distancias lunares, no dia 1°. de dezembro.
RECENTES APROXIMAÇÕES:
- O mês de novembro apresentou cinco aproximações interessantes
Eclipse asteroidal – o objeto 2016 VA foi observado no dia 2 de novembro, veja nossa publicação sobre o tema. Este objeto cruzou a sombra da Terra por alguns minutos
Os objetos 2016VB1, 2016 WT, 2016 WW2 e 2016WT3 também passaram a cerca de 1 distancia lunar.
Um objeto entrou e saiu da lista de risco de impacto, nível 1 da escala de Torino:
O objeto 2016 WJ1 observado pelo projeto de survey Catalina Sky, no dia de 19 de novembro, com nível 1 na escala de Torino. Com observações de vários projetos dedicados a observação de NEOS, inclusive o projeto brasileiro IMPACTON, gerando dados orbitais remontando a 2003, foi possível mudar o seu ranking de 1 para o nivel zero.
Imagem de 2003 do 2016 WJ1: o asteroide aparece como um ponto fraco entre os dois pontos escuros maiores
Diagrama da órbita , para o ano de 2037, correspondendo a um impacto, já descartado
LISTA DE APROXIMAÇÕES À TERRA EM DEZEMBRO/2016 – JANEIRO/2017:
Nome do Objeto | Close Approach Data | Dist min. [AU] | Dist min. [LD] | Diametro estimado [m] | Magnitude Máxima [mag] | Velocidade relativa [km/s] |
|
- Nota: 1 Au = uma unidade astronômica que equivale à aproximadamente 150 milhões de quilometros
- 1 LD = uma distância lunar que equivale à aproximadamente 384.000 quilômetros
LISTA DE RISCO DE IMPACTO , COM PROBABILIDADE NÃO ZERO:
Atualmente, são 581 objetos que fazem parte da lista de risco de impacto, apresentamos logo abaixo os 10 NEOS com maior probabilidade ( e mesmo assim de risco mínimo) de choque, com estimativas da data do impacto.
Nome do Objeto | Tamanho [m] | Dia/hora | IP | Vel. [km/s] |
29075 1950DA | 2000.0 | 2880-03-16 23:48 | 1/7042 | 17.99 |
410777 2009FD | 150.0 | 2185-03-29 18:06 | 1/694 | 19.41 |
101955 Bennu | 484.0 | 2196-09-24 07:55 | 1/10638 | 12.68 |
2016XA2 | 190.0* | 2039-12-15 | 1/122249 | 25.96 |
2010RF12 | 9.0* | 2095-09-05 23:50 | 1/16 | 12.45 |
1979XB | 860.0* | 2113-12-14 18:07 | 1/1.84E6 | 26.04 |
2000SG344 | 46.0* | 2072-09-13 16:41 | 1/1945 | 11.26 |
99942 Apophis | 375.0 | 2068-04-12 15:13 | 1/531914 | 12.62 |
2009JF1 | 16.0* | 2022-05-06 08:12 | 1/4484 | 26.41 |
2016NL56 | 560* | 2020-06-22 15:42 | 1/(1.01 10^9) | 38.43 |
- Nota: IP representa probabilidade de impacto – Impact Probability
- *Incerteza grandes quanto ao tamanho
Fonte: ESA/NEOS
Edição: Marcelo De Cicco
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