Observação de NEOS – Near Earth Objects – Boletim agosto 2017
Uma extensa população de pequenos corpos, incluindo cometas, pequenos asteroides e meteoroides compõem a população de NEOS (Near Earth Objects). Os NEAs (Near Earth Asteroids) constituem-se de uma grande parcela desses objetos de dimensões acima de dezenas de metros, orbitando próximos a Terra. Alguns estudos apontam também, que uma pequena parte dos NEAs são cometas adormecidos ou extintos (NECs – Near Earth Comets).
A média de existência de um NEO é da ordem de 107 anos, sendo, portanto, creditada a existência de fontes de abastecimento de tais objetos ao longo das eras, já que o tempo de existência de nosso Sistema Solar gira em torno de 4,6 bilhões de anos, isto levaria ao completo esgotamento de tais corpos nas proximidades da Terra.
No que diz respeito a meteoritos que caem na Terra, sua fonte principal são os NEAs, pela sua proximidade ao nosso planeta, embora o grande fluxo de massa de meteoroides origina-se de passagens de cometas, e em menor grau de impactos lunares e marcianos. Grande parte desta massa que penetra na esfera terrestre, queima logo na alta atmosfera (entre 100 a 60 km de altura, em média), sendo, comparativamente, raras as amostras destes detritos que sobrevivem as altas temperaturas de ablação . Estes, chegam em solo terrestre na forma de meteoritos – embora grande parte acabe por se depositar no mar.
Fundamentalmente, para compreendermos a ligação entre NEAs e meteoritos; é fundamental entender o papel dos asteroides (estudar suas características mineralógicas, dentre outras propriedades), pois eles são peça importante para se entender as origens, estrutura e a história dinâmica do Sistema Solar. Estabelecendo as conexões entre meteoritos e os asteroides, estes na qualidade de corpos parentais, permite a elucidação de muitas questões pertinentes a compreensão de nosso Sistema Solar, bem com a formação da Terra.
Além da importante investigação da conexão entre meteoritos – NEAS (ou, genericamente NEOS) – Asteroides, temos também a questão de impactos severos na Terra, causados por grandes massas vindas do espaço. Este é outro ponto importante que deve ser estudado e monitorado para prevenção e mitigação de ameaças catastróficas, como a que ocorreu em Cheljabinsk (https://pt.wikipedia.org/wiki/Meteoro_de_Cheljabinsk) em 2013, e Tunguska, em 1908 (https://pt.wikipedia.org/wiki/Evento_de_Tunguska).
Nesse sentido a ESA – Agencia Espacial Europeia – participa de um projeto mundial de monitoramento e mitigação de NEOs, através de diversas redes de monitoramento envolvendo astrônomos profissionais e, em pequena escala, astrônomos amadores.
O Brasil participa do esforço de monitoramento e estudos mineralógicos dos NEAS e Asteroides; através do projeto IMPACTON: http://www.on.br/impacton/, utilizando o observatório robótico – OASI; que é o segundo maior observatório astronômico em solo nacional.
Atualmente são descobertos cerca de 100 NEOS por mês. Nas tabelas a seguir, publicamos as estatísticas mais atuais acerca do monitoramento e descoberta de tais objetos, compilados pela ESA.
FATOS:
Cerca de 40 asteroides conhecidos ou não, aproxima-se de cerca de 0.05 unidades astronômicas, cerca de 19 raios lunares de nosso Planeta. Às vezes, como em dezembro do ano passado, grupos de 4 ou 5 NEOS, fazem máxima aproximação no mesmo dia. Seria uma atividade fora do comum?
Aplicando considerações estatísticas, baseadas nas taxas atuais de novos NEOS, e assumindo uma distribuição de probabilidade uniforme de descobertas diárias, não se trata de nada incomum. Grupos de pelo menos 4 objetos, aproximam-se da Terra a cada três meses; e grupos de pelos menos 5 acercam-se de nós aproximadamente três vezes ao ano.
Observações de grupos de NEOs, acabam tornando-se cada vez mais comum, principalmente pela sofisticação de equipamentos, técnicas e cada vez mais observadores monitorando os nossos céus. Exceto, em períodos de Lua cheia, quando seu brilho atrapalha observações em solo terrestre, minimizando contagens de NEOs. Porém, em períodos de Lua nova, as taxas de observação são mais elevadas, pois é o período mais favorável para monitoramento do céu sem que o luar atrapalhe as investigações.
TOTAL DE NEOS DESCOBERTOS ATÉ A PRESENTE PUBLICAÇÃO
(Agosto de 2017):
NEOS : 16459
Planetas Anões: 734274
Cometas: 3983
DESCOBERTAS NO MÊS DE AGOSTO:
10 NEOS
636 Planetas Anões
0 Cometas
Um objeto com atenção particular:
No dia 28 de Julho; houve um objeto com grande importância científica- O cometa C/2015 D4 (Borisov) e seus detritos. Descoberto em 2015, no dia 23 de fevereiro, por Gennady Borisov; o cometa C / 2015 D4 (Borisov) possui período de revolução longo. Pelos cálculos, estará de volta a parte interna do sistema solar em aproximadamente 200 anos. Sua última aproximação ao periélio terrestre foi, portanto, em outubro de 2014, antes de ser detectado.Com a sua aproximação máxima ocorrida em 2014, a Terra entrou no rastros de 700 anos de seus detritos e com isto, um possível novo radiante de Meteoros. A Terra passou a cerca de 0.0006 UA (cerca de 90.000 quilômetros) do centro da trilha de detritos deixadas pela passagem do cometa na época de seu periélio. A posição da chuva tiveram como coordenadas equatorial de AR = 79 graus (05h: 15min) e Dec = – 32 graus, o que posicionou seu radiante na região da constelação de Columba e a duração dessa chuva girou em torno de 2 horas no máximo, com pico centrado no dia 29 de julho às 00h22min UT (ou dia 28/07/17, às 21:22 horário de Brasília). Os estudos coletados estão sendo de grande valia para preditivos futuros de atividades cometárias e da meteorítica.
LISTA DE APROXIMAÇÕES NAS CERCANIAS DA TERRA – AGOSTO/2017:
Nome | Data de Aproximação | Dist min. [AU] | Dist min. [LD] | Diâmetro estimado [m] | Magnitude Máxima [mag.] | Velocidade relativa [km/s] |
|
Nota: 1 Au = uma unidade astronômica que equivale a aproximadamente, 150 milhões de quilômetros.
1 LD = uma distância lunar, que equivale à aproximadamente 384.000 quilômetros
LISTA DE RISCO DE IMPACTO PROBABILIDADE NÃO ZERO
Atualmente, são 628 objetos que fazem parte da lista de risco de impacto. Apresentamos logo abaixo, os 10 NEOS com maior probabilidade (e mesmo assim de risco mínimo) de choque, e com as estimativas da data do impacto. Um objeto atingiu o topo da lista de risco – o 2016NL56. Este infelizmente, pela devida falta de observações atingiu uma escala maior que a esperada. Mas revendo os cálculos de imagens feitos pela ESA, o risco de impacto sofreu um decréscimo.
Dois cometas conhecidos, entraram na probabilidade de risco de impacto nos próximos séculos. O Cometa D/1770L1(Lexell),descoberto no século 16. Devida sua aproximação, pode gerar risco nos próximos séculos. Recentemente O cometa 41/P Tuttle-Giacobini-Kresak, descoberto em 1858,detectado novamente durante observações visuais em 1907 e 1951, depois previsto em 1962, remonta a probabilidade de descobrir milhares de NEOS todos os anos.
Nome do Objeto | Tamanho [m] | Dia/hora | IP | Vel. [km/s] |
29075 1950DA | 2000.0 | 2880-03-16 23:48 | 1/7042 | 17.99 |
2017BL30 | 89.0* | 2029-08-03 13:21 | 1/980 | 13.28 |
410777 2009FD | 150.0 | 2185-03-29 18:06 | 1/694 | 19.41 |
101955 Bennu | 484.0 | 2196-09-24 07:55 | 1/10638 | 12.68 |
2017CH1 | 1200 | 2095-06-04 15:09 | 1/1.57E6 | 21.18 |
2010RF12 | 9.0* | 2095-09-05 23:50 | 1/16 | 12.29 |
1979XB | 860.0* | 2113-12-14 18:07 | 1/1.84E6 | 26.04 |
2000SG344 | 46.0* | 2072-09-13 16:41 | 1/2096 | 11.26 |
99942 Apophis | 375.0 | 2068-04-12 15:13 | 1/531914 | 12.62 |
2016NL56 | 560* | 2020-06-22 15:42 | 1/(1.01 10^9) | 38.43 |
Nota: IP representa; a probabilidade de impacto – Impact Probability
*Incerteza grandes quanto ao tamanho
Fonte: ESA/NEOS/IMP
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