Imagem original e curva de luminosidade – Estação RMP1

Exoss registra meteoros simultâneos pela primeira vez

No dia 01 de Agosto deste ano duas estações Exoss registraram dois meteoros com pareamento. O feito em si é comum em estações de meteoros, porém neste caso foi algo especial.

Acontece que vez ou outra nossas câmeras registram dois ou até três meteoros em um mesmo clipe de captura, mas sempre isso aconteceu com meteoros originados de pontos distintos do céu e/ou com detecção linear, um seguido por outro. Em uma captura de 3 segundos podemos ter então dois ou três meteoros surgindo em tempos e pontos distintos no céu.

Neste caso em questão dois meteoroides entraram em nossa atmosfera terrestre simultaneamente e eles pertenciam ao mesmo radiante/corpo parental, isso ocorrera pela primeira vez na Exoss. Particularmente nunca presenciei um vídeo com características similares até hoje em estações de meteoros. Salvo os registros em tape de 2001 da chuva Leonids que gerou um espetáculo no céu japonês. Isso não quer dizer que não ocorreu antes, apenas que o fato é muito raro e despertou um certo ceticismo inicial.

Seria reflexo na lente?

Essa foi nossa primeira dúvida, mas após observar atentamente o vídeo é perceptível que algumas características frame a frame gerada por ambas trajetórias são distintas quanto a brilho e período.

Imagem original a esquerda e invertida a direita – Estação ENE1
Imagem original e curva de luminosidade – Estação ENE1

Percebemos na curva de luminosidade uma alteração acentuada em pontos distintos das trajetórias, sendo que um meteoro gerou um pico de luminosidade durante a trajetória com o secundário terminando com um flash de explosão.

Selecionamos uma área do frame para extração deste pico de luminosidade.

Área do frame selecionada para análise – Estação ENE1
20 Frames área recortada (gif) – Estação ENE1

Nesta animação contendo 20 frames da região com a estrela é possível observar a diferença de luminosidade de ambos meteoros bem como o pico de luminosidade de um deles e que ouve ocultação desta estrela no momento da passagem. Suavizamos o ruído de fundo para melhor visualização.

Imagem original a esquerda e invertida a direita – Estação RMP1
Imagem original e curva de luminosidade – Estação RMP1
Área do frame selecionada para análise – Estação RMP1
20 Frames área recortada (gif) – Estação RMP1

O registro a partir desta segunda câmera evidencia um rastro persistente em um dos meteoros, ele se origina a partir do flash de explosão ficando evidente por alguns frames como um ponto iluminado conforme animação acima e no vídeo a seguir.

As características deste meteoro não são tão atraentes em si, radiante estimado mu Lyrids e magnitude média de -3.6. O espetáculo mesmo foi por conta da duplicidade.

Meteoros quando muito brilhantes ocasionam reflexos na lente e por conta da curvatura da mesma faz com que tais reflexos sejam invertidos em relação a trajetória original do meteoro, já ouve diversos registros na Exoss desse tipo de fenômeno.

Porém neste caso em especial trata-se realmente de uma entrada de dois meteoros simultaneamente provenientes do mesmo radiante.

Eles podem ter viajado pelo sistema solar por milhares ou bilhões de anos com relativa atração ou ligados, separando-se no processo inicial de ablação da atmosfera através da fratura ou separação gravitacional deste material. Uma especulação uma vez que o campo visual das câmeras não são adequados para esse estudo mais aprofundado. Nos resta trabalhar com probabilidades e incertezas eliminando cada uma delas.

O mais curioso é que poucos dias depois uma outra câmera fez um registro ainda mais surpreendente com relação e entrada múltipla na atmosfera.

Mas esse assunto ficará para um próximo artigo. Compartilhe com seus amigos.

Meteoros simultâneos, registro em tape Japão Leonid 2001:

Edição: Eduardo P. Santiago

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