Dados consolidados do Report Fireball da reentrada de lixo espacial no Peru (SL-23 R/B)
Na sexta-feira dia 02 de Fevereiro a Revista Galileu através do programa Luneta apresentado pelo repórter André Jorge de Oliveira fez uma transmissão ao vivo onde foi mencionado o evento ocorrido no dia 27/01/18 visível no estado brasileiro do Acre e em várias cidades do Peru. Estiveram presentes no programa o astrofísico da UFSCar Gustavo Rojas e o Astrônomo Marcelo De Cicco coordenador da rede Exoss.
Na ocasião foram apresentados alguns vídeos e imagens do evento, bem como parte do estudo realizado pela equipe Exoss. O artigo a seguir apresenta algumas informações complementares relativo aos trabalhos realizados por nossa equipe desde o sábado data do evento, até a apresentação do programa transmitido ao vivo na Sexta-Feira dia 02/02, com os dados consolidados do Report Fireball da reentrada de lixo espacial no Peru (SL-23 R/B).
PRIMEIRAS INFORMAÇÕES
Ainda na madrugada do dia 28/01 a partir da meia noite associados Exoss tiveram conhecimento de um possível bólido na região do Acre. Imediatamente veio à mente a grande possibilidade do Rocket Booster SL-23R e os trabalhos oficialmente se iniciaram em certificar mediante as informações confusas que ora chegavam a nós que se tratava realmente do estágio SL-23R.
Através da nossa página no facebook alertamos sobre o evento e nos colocamos oficialmente a disposição para catalogar os relatos em mídias com recebimento de imagens, fotos e encaminhamento das testemunhas para a página exoss.imo.net para efetivarem seus relatos.
TRATANDO INFORMAÇÕES
A partir dessa postagem o grupo de voluntários iniciaram suas tarefas e logo informações foram chegando a nosso conhecimento.
A partir de então o processo de catalogar as informações se iniciou, e a sua consolidação de forma inteligível ao público só se finalizou na Quinta-Feira 01/02.
Alguns dos relatos encaminhados a ferramenta simplesmente precisaram ser separados do evento principal criado pois seus parâmetros eram extremamente imprecisos o que é justificável; muitas testemunhas não possuem o conhecimento mínimo de coordenadas e mesmo com ferramentas de auxílio o resultado ainda fica longe do esperado; quando os relatos são feitos por smartphone esse por si só já compromete e muito os dados encaminhados por conta de uma pequena tela exibindo dados de input para usuários.
INTERPRETANDO DADOS
Salientamos que os dados obtidos não refletem a verdade suprema com relação ao evento em si; mas que os indícios levantados por nossos associados e relatados por testemunhas convergem para algo em comum.
Foi necessário realizar simulações de relatos com base em imagens, vídeos e conversas com testemunhas uma vez que com o passar das horas os mesmos não realizaram seus relatos, comprometendo o volume de dados úteis. Em geral apenas 10% das pessoas contatadas realizam o relato.
CONSOLIDAÇÃO DOS DADOS
O mapa a seguir exibe a área com relatos verificados pela Exoss.
Trajetória estimada 3D do ponto inicial até o ponto de impacto – Trajetória de impacto geométrico em solo – linha contínua. Notar que a dimensão do evento é tamanha a ponto da curvatura terrestre suprimir informações da trajetória. Com base nos relatos da ferramenta sua trajetória foi de aproximadamente 900Km com seu ponto inicial (relatado e computado) em 80Km de altitude.
DESAFIOS NA COLETA DE DADOS INICIAIS
A missão de tratar os dados iniciais é uma das tarefas mais importantes; e serve de base para consultas por diversos grupos de astronomia e páginas de notícias. Embora isso seja de grande valia, muitas vezes o comando CTRL+C passa longe de fazer jus a sua fonte original. O funcionamento do grupo Exoss é baseado no voluntariado e portanto os associados desempenham suas funções de colaboração em seu tempo livre uma vez que possuem trabalho, família e tarefas pessoais diversas. Hoje em dia com a massificação de páginas na web, grupos no facebook, isso gera uma confusão de informações pois todos correm para alcançar/engajar o maior número de pessoas possíveis, não importando os meios.
Sabíamos desde o princípio que todo um trabalho realizado em equipe durante a madrugada por voluntários poderia em poucos minutos pela manhã se tornar mais um “termo” dentre milhares citados na web, copiados e compartilhados por esses meios digitais sem o uso da fonte de consulta, fazendo destoar todo um esforço operacional voluntário. Durante o período da manhã dados mais concretos foram chegando e a mídia como um todo passou a conhecer substancialmente o modo/cronologia e dinâmica do evento. Isso facilitou muito a tarefa de disseminação de “descobertas”.
Acreditamos naquilo que podemos alcançar com nosso teclado, com nossos olhos, ouvidos e quando possível instrumentos, porém por vezes precisamos pausar todo um trabalho bem executado para que pela manhã irmos garantir nosso ganha pão, cada qual em seu honesto trabalho; o fator inaugural obtido até então é repelido ou até mesmo negado diante da massificação de informações novas que a cada momento chegam. Trabalhar durante a madrugada sem dados de trajetória final e informações claras dos locais de destroços é simplesmente impossível, a não ser com o uso de recursos “mágicos” que sabemos muito bem não existe, embora propagada. Diante disso a Exoss se reservou e se reserva no seu direito de progredir no seu tempo, mesmo o caminho sendo mais longo, desde que coerente com o que escrevemos e publicamos.
Durante a madrugada do dia 28/01 cerca de 5 pessoas se empenharam nesse levantamento de dados e apenas nesse período poderíamos computar cerca de 15 horas de voluntariado. Durante a semana essas horas sequer foram computadas uma vez que as atividades cotidianas da rede não param.
O objetivo primário deste artigo foi comparar a utilização do Report Fireball como ferramenta prática, rápida e eficiente quando bem alimentada. Isso ainda é um desafio e demanda um esforço maior no Brasil, onde desde a divulgação até as coletas de dados paralelas dos eventos são realizadas sem apoio externo, tornando portanto a efetivação da mesma mais complexa porém não impossível para o time Exoss Citizen Science.
Edição: Eduardo P. Santiago
Coleta de Dados e Divulgação (Relatos, Fotos, Vídeos, Áudios): Júlio Lobo, Marcelo De Cicco, Amanda Martins, Luciana Fontes, Eduardo Santiago e Richard Cardial
Fotos e Vídeos: exoss.imo.net, Meteorzap, Facebook
Dados orbitais: SatFlare
Dados Trajetória 2D e 3D: exoss.imo.net
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