Asteroide 2024 YR4 pode impactar a Terra?

O objeto 2024 YR4, um asteroide do tipo NEO (Near-Earth Object), foi recentemente descoberto e classificado como pertencente ao grupo Apolo, ou seja, um cruzador da órbita da Terra.

Apesar de apresentar um baixo risco de impacto, dados atualizados em 28/01/2025 indicam que sua probabilidade de colisão é de aproximadamente 1,2%. Na escala de Torino, que é um sistema simplificado de classificação de risco de impacto, o asteroide está atualmente no nível 3. Isso significa que, embora o risco seja pequeno, ainda requer acompanhamento por parte dos astrônomos, pois um impacto poderia causar danos locais. No entanto, na grande maioria dos casos, objetos desse tipo acabam sendo rebaixados para o nível 0 (zero) ao longo do tempo, conforme novos dados refinam suas trajetórias.

Órbita elíptica do asteroide (em vermelho) – Créditos ESA / PDO

Na escala de Palermo, que é uma classificação mais complexa e dinâmica, o risco calculado é ainda mais baixo, com um índice de -0.58. Isso indica que o potencial de impacto é significativamente menor do que os eventos naturais de mesmo porte considerados na escala.

O 2024 YR4 faz parte da lista de risco do programa de monitoramento de impactores da ESA (European Space Agency), mas, assim como dezenas de outros objetos com probabilidade de impacto superior a 1%, não está entre as prioridades de observação no momento.

Simulação de danos locais com a ferramenta Nuclear Secrecy

É importante ressaltar que a simulação apresentada é um mero exercício de avaliação de danos e causalidades, baseado em cálculos e aproximações. Seu objetivo é fornecer uma visão didática sobre o impacto de um evento de grandes proporções, sem representar uma previsão exata.

Para compreender os possíveis efeitos de um impacto, foi realizada uma simulação utilizando a ferramenta Nuclear Secrecy, considerando uma explosão equivalente a 8 megatons. Isso representa cerca de 16 vezes a energia liberada pelo bólido de Chelyabinsk, que entrou na atmosfera terrestre em 2013, na Rússia.

Caso o 2024 YR4 explodisse a cerca de 40 km de altitude sobre a cidade do Rio de Janeiro, os seguintes danos poderiam ser estimados:

  • Área de impacto imediato: Centenas de fatalidades em uma área inferior a 200 metros de raio.
  • Área de queimaduras de 2º grau: Até 200 metros do epicentro, pessoas poderiam sofrer queimaduras graves.
  • Área de queimaduras de 1º grau e danos materiais: A explosão atingiria um raio de aproximadamente 2,5 km (cobrindo uma área de cerca de 19 km²), causando queimaduras leves em muitas pessoas e danos estruturais significativos.
  • Região metropolitana do Rio de Janeiro: Em um raio de 35 km (cerca de 3.900 km²), aproximadamente 50% da população poderia sofrer queimaduras de 1º grau.
  • Área de impacto visual: Até um raio de aproximadamente 53 km (cerca de 8.800 km²), as pessoas veriam uma intensa luz da explosão, mas sem sofrer danos significativos.

Como o arco orbital calculado até agora é relativamente curto, cerca de 33 dias, a influência gravitacional dos planetas e outras perturbações podem alterar significativamente a probabilidade de impacto. Por isso, o monitoramento contínuo ao longo dos próximos meses será essencial para refinar essas estimativas.

Somente após, no mínimo, seis meses de observações sistemáticas será possível avaliar com maior rigor a possibilidade de um impacto na Terra e a região exata onde poderia ocorrer a explosão.

A data com maior probabilidade de impacto atualmente calculada para o 2024 YR4 é 22 de dezembro de 2032, ou seja, menos de oito anos a partir de agora. Contudo, novas observações e refinamentos na trajetória são esperados para reduzir ainda mais essa possibilidade.

O monitoramento contínuo de NEOs como o 2024 YR4 é fundamental para a segurança planetária, e iniciativas como as da ESA e da NASA garantem que quaisquer riscos potenciais sejam avaliados com antecedência.

Edição: Marcelo De Cicco

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