Dados consolidados do bólido de São Sebastião em SP

Dados de instrumentos e coleta de relatos permitem entendimento do evento

O projeto Exoss veiculou anteriormente uma chamada pública para coleta de relatos de um bólido registrado por estações da rede (clique aqui). Os relatos embora em pouca quantidade puderam agregar informações valiosas que serão demonstradas neste artigo.

frames do bólido
Comparação de frames extraídos de duas câmeras situadas na cidade de São Sebastião/SP

 

HISTÓRICO

Três câmeras situadas em duas estações registraram a passagem de um bólido na madrugada do dia 13 de Maio às 00:41am. Situadas na cidade de São Sebastião/SP e na cidade de São José dos Campos/SP na Universidade Vale do Paraíba – UNIVAP.

Observatório de Astronomia e Física Espacial da Univap
Observatório de Astronomia e Física Espacial da Univap em matéria veiculada na Vanguarda TV (Veja aqui)

 

DADOS TÉCNICOS

Os dados obtidos pelas estações indicam que o bólido entrou na atmosfera em um angulo de entrada de 75 graus em cima da região oceânica, no litoral de São Sebastião/SP. A uma altura cerca de 97 km, e com velocidade observada média de 25 km/seg, percorrendo aproximadamente 30 km em cerca de 2.8 segundos. Seu brilho máximo foi bem maior que a “estrela D´alva” (planeta Vênus).

  • Magnitude Observada*: -4.0
  • Velocidade Observada: 25 km/s
  • Ângulo de Entrada: 75º
  • Duração: 2,8 Segundos
  • Distância Percorrida: 30 km
  • Altitude Inicial: 97 km
  • Altitude Final: 68 km

(*média entre estações)

Dados técnicos do bólido
Dados técnicos do bólido

 Aplicando critérios usuais de análise de origem do meteoroide, usados em conjunto com suas características orbitais, como excentricidade, inclinação, semieixo maior, indicam que este bólido pode ser originário de um fragmento asteroidal, como de um NEA (Near Earth Asteroid), (VEJA BOLETIM EXOSS).

É possível que este bólido esteja ligado a uma chuva pouco conhecida, chamada de Northen May Ophiucids, pertencente ao complexo de meteoroides May Ophiucids.

Projeções do mesmo evento obtidas através dos relatos de testemunhas (vermelho) e dados das estações (laranja)
Projeções do mesmo evento obtidas através dos relatos de testemunhas (vermelho) e dados das estações (laranja)

Comparando os relatos testemunhais e os dados registrados por vídeo, pode-se notar que são bem similares, neste evento em questão as trajetórias paralelas estão distanciadas entre si apenas 8,5 km (média); o que mostra que a ferramenta de reportar meteoros (bólido) pode ser usada como um passo inicial na coleta de dados de meteoro no Brasil. Já difundida a anos pela American Meteor Society e recentemente pela International Meteor Organization; tal ferramenta já se mostrou plenamente confiável quando “alimentada” com dados testemunhais de qualidade, inclusive de grande premissa na recuperação de materiais remanescentes (meteoritos) como já noticiado no país. (Veja aqui).

No Brasil a ferramenta é divulgada e administrada pela Exoss, inclusive com elaboração de vídeo tutoriais para facilitar a familiarização da população. (Clique aqui para acessar)

 

ESTUDO COMPLEMENTARES

A cidade de São Sebastião/SP cedia desde 2014 o projeto de câmera de alta definição de baixo custo com a finalidade exclusiva de vídeo monitoramento de meteoros. Com alguns protótipos testados desde então, neste evento foi possível efetuar o primeiro registro de um bólido empregando essa nova metodologia que já está em uso em alguns países a alguns anos, porém com equipamentos mais caros e proibitivos para a realidade Brasileira.

Rastro persistente
Rastro persistente (imagem realçada) observado pela câmera situada na Universidade Vale do Paraíba – UNIVAP

 

Os mesmos frames (intervalo do evento) foram extraídos da câmera padrão adotada pela Exoss (imagem monocromática a direita) e a protótipo de alta definição (colorida a esquerda), detalhes que são ocultos em uma câmera com resolução de 720 x 576 linhas (padrão analógico PAL) já podem ser observados no novo modelo de alta definição 1920 x 1080 linhas (padrão digital Full HD).

Cauda (rastro persistente) do meteoro
Cauda (rastro persistente) do meteoro se fragmentando no decorrer de sua trajetória

 

A tecnologia de registros de meteoros com câmeras de alta sensibilidade analógicas adotadas como padrão pela rede e em alta definição em desenvolvimento permitem obtenção de dados extras que agregam conhecimento nos estudos recentes no país e abrirão uma gama futura de estudos detalhados do comportamento destes meteoroides em nossa atmosfera.

 

Referências: American Meteor Society Data Base / Exoss.org  / IAU Meteor Data Center

Edição: Eduardo P. Santiago

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